segunda-feira, 14 de junho de 2010

Na FFC-UNESP/Marília: polícia entra no campus para provocar estudantes da ocupação

 Na última quinta-feira o Comando de Ocupação do Prédio da Direção da FFC-UNESP/Marília empreendeu uma reunião de negociação com a Diretora da FFC, Mariângela S. L. Fujita, e com toda a burocracia acadêmica (professoras/es e diretores administrativos e chefes de seção) da qual ela faz parte. Nesta reunião, as/os estudantes conquistaram parte do que reivindicavam: a abertura imediata do RU à noite, com trabalhadoras/es concursadas/os. Quer dizer, barramos a terceirização.


           À noite, em Assembléia Geral, a proposta foi aprovada por consenso. Contudo, saliente-se, deliberamos por permanecer ocupadas/os por três motivos fundamentais: primeiro, nossas demandas não se reduzem à não terceirização do Restaurante Universitário, pois vão no sentido de lutar contra um projeto privatista dos governos, seja federal ou estadual e, mesmo, contra as orientações do Banco Mundial e do FMI. Segundo, exigimos uma reunião de negociação com o Reitor da UNESP, Herman C. J. Voorwald bem como uma Congregação aberta que delibere nossa pauta de reivindicações. Terceiro: havíamos convocado um Conselho de Entidades Estudantis da UNESP-FATEC para Marília, juntamente com o convite as entidades de trabalhadoras/es e estudantes da UNESP, USP e UNICAMP.


Na sexta-feira pela manhã a Direção recuou e retirou a proposta. Diante disto, e sabendo tanto da política dos Governos e das Reitorias em dialogar por meio dos cacetetes; o Comando de ocupação optou pelo imediato levantamento de barricadas, deixando claro que lutaríamos com nosso sangue se preciso contra a terceirização e privatização da universidade. Fomos criticadas/os pelas/os ilustres professoras/es estalinistas. Fomos criticados pela burocracia do SINTUNESP. Fomos criticadas/os pelas/os estudantes de direita sob a pecha de insanidade.


Embora diante das barricadas a Direção tenha colocado, por meio de uma comissão de negociação de professoras/es, que não estava no horizonte a entrada da polícia no campus para reprimir as/os estudantes; eis que hoje, segunda-feira, dia 14 de junho de 2010, duas viaturas adentraram o campus. Desceram até a frente das barricadas e perguntaram “quem era o responsável”; em uníssono ouviram das/os estudantes presentes “a Assembléia Geral das/os Estudantes”. Posicionaram-se então em frente ao Prédio ocupado e, mediante a atuação de algumas/uns professoras/es, retiraram-se do campus.


Concomitantemente, estudantes passavam nas salas para convocar os três setores à resistir aos brucutus do Estado. Cerca de 150 pessoas, entre trabalhadoras/es, estudantes e docentes aglutinaram-se. Após a saída da polícia as/os trabalhadoras/es iniciaram uma Assembléia da categoria que ainda não teve fim.  Do mesmo modo procederam as/os docentes. Ambas as categorias estavam em uma plenária do campus, fechada ao movimento estudantil, convocada pela direção para nos isolar e, assim, quebrar a espinha dorsal da resistência à terceirização.


As políticas de todos os governos, das reitorias e das direções, bem como da patronal, tem sido reprimir aquelas/es que se colocam em luta. Vimos a Reitoria da UNESP expulsando estudantes da UNESP-Franca, sindicando estudantes em Araraquara, Marília, P. Prudente; vimos professoras/es da UNESP-Registro que denunciavam a corrupção da burocracia acadêmica sendo ameaçadas/os de mortes; vimos trabalhadoras/es batalhando contra a polícia em suas manifestações e greves; a Tropa de Choque reprimindo a ocupação estudantil da UNESP-Araraquara em 2007; vimos a polícia invadindo a UNESP-P. Prudente para desocupar estudantes em luta; vimos, ainda há um ano, a Tropa de Choque combatendo manifestantes dentro do campus da USP-Butantã, na Batalha da USP,  em 09 de junho de 2010 em vimos diretores de sindicatos sendo demitidos ilegalmente, como é o caso de Brandão do SINTUSP e de Didi do sindicato dos bancários.


Embora isto, explicitamos que o Comando de Ocupação reafirma sua disposição em resistir com pedras, paus, molotovs, bombas de cloro, rojões e tudo que pudermos lançar mão. Não negociamos com a faca do pescoço. Não retrocedemos frente às provocações da polícia. Não nos intimidam os músculos das/os militares. Somos a maioria.  Defendemos os interesses da maior parte da população, pobre e explorada pelas/os patroas e patrões e pelos governos; não estamos ao lado das camarilhas de banqueiras/os burocratas, que rouba-nos o fruto do suor.


Do mesmo modo, reafirmamos a posição do CEEUF-Marília: nos colocamos em aliança às/aos trabalhadoras/es da UNESP, USP e UNICAMP, bem como seus interesses, diante dos ataques do capital internacional, bem como de seus prepostos e marionetes em todos os governos. Que o CRUESP retroceda imediatamente. Que a Reitoria da USP devolva neste preciso momento o salário que está a roubar das/os trabalhadoras/es em greve. Salientamos mais uma vez que somos a maioria, e não uma qualquer: somos aquelas/es dispostas/os a defender até o fim o que acredita.


                         Marília, 14 de junho de 2010, Sala ocupada da Direção


                                                    Comando de Ocupação

ALERTA AO GOVERNO DO ESTADO, AO CRUESP E, EM PARTICULAR, AO REITOR JOÃO GRANDINO RODAS!!!


Desde o dia 05 de Maio os trabalhadores da USP encontram-se em greve, seguida da adesão de trabalhadores da UNESP e UNICAMP pela defesa da isonomia salarial. Neste momento, o reitor da Universidade de São Paulo cumpre sua ameaça e ataca o direito de greve dos trabalhadores dessa universidade ao deixar mais de 1000 trabalhadores e suas famílias sem salário.
A ocupação da reitoria da USP representa nesse momento a indignação dos estudantes da UNESP-FATEC que vem tornar público não somente seu apoio e solidariedade a esta luta.Tendo isto em vista, deixamos claro que o ataque aos trabalhadores das três universidades públicas paulistas é também um ataque aos estudantes da UNESP-FATEC. Diante do cerceamento do direito de greve não permaneceremos calados e apáticos.
Sendo assim os estudantes reunidos no Conselho de Entidades Estudantis da UNESP-FATEC, ocorrido na ocupação da direção da UNESP – campus de Marília, querem deixar um recado bem claro aos nossos reitores: caso não sejam reabertas negociações tendo em vista o re-estabelecimento da isonomia e sejam efetuados os pagamentos referentes aos salários cortados nas universidades até o dia 16/06, intensificaremos o processo de mobilização em todo estado com onda de ocupações, piquetes, barricadas, cortes de ruas e cortes de rodovias, ou outros métodos que possamos achar mais convenientes e eficazes.

ABERTURA DE NEGOCIAÇÕES!
REESTABELECIMENTO DA ISONOMIA SALARIAL!
ABAIXO O CORTE DE SALÁRIOS!
EM DEFESA DO DIREITO DE GREVE!

Gratos pela atenção,

Conselho de Entidades Estudantis da UNESP-FATEC,
Marília, 13 de Junho de 2010

quarta-feira, 9 de junho de 2010

URGENTE! OCUPAÇÃO DESMASCARA MANOBRA DA DIREÇÃO

As/os estudantes de Marília se colocaram em mobilização desde o primeiro dia de aula de 2010 pela abertura do R.U. noturno e denunciando o caráter antidemocrático da universidade. O correr do ano impôs que as/aos estudantes combatessem a privatização do R.U noturno enquanto uma defesa das condições de trabalho e da educação publica, além de confirmar para quem quisesse ver como a direção/congregaçã o e reitoria não só não nos representa, mas ao contrário representam o governo e aplicam sua política, que não consiste em outra coisa além da privatização progressiva da educação que se demonstra com a terceirização, por exemplo.

A reitoria não só não cumpriu o acordo com as/os estudantes, mas também com as/os funcionárias/ os e depois de quase vinte anos a isonomia salarial entre funcionárias/ os e professoras/ es foi quebrada em fevereiro deste ano, isto impôs as/os trabalhadores construírem uma forte mobilização em defesa de um direito conquistado com luta.

As/os estudantes de Marília realizaram diversos atos em favor do R.U. noturno e exigindo que a congregação os recebesse, tendo sido inclusive ocupada uma congregação, na qual a participação das/os estudantes foi negada.

Isto levou as/os estudantes de C.S e filosofia a saírem em greve em aliança com as/os funcionárias/ os, contra a terceirização e pela pauta específica dos dois cursos.

Após muita enrolação, a direção e congregação armaram um simulacro de reunião aberta que esvaziou o quórum no momento mais capital da reunião,ou seja, quando as deliberações serião encaminhadas.

Em resposta, o movimento estudantil organizou diversas paralisações, e aprovou o indicativo de ocupação da direção em 5 cursos. No dia 31 de maio se efetivou a ocupação do prédio administrativo como forma de forçar a reitoria a cumprir o acordo de abertura do R.U noturno público, além de reivindicar a negociação a respeito da pauta geral das/os estudantes e também exigir do CRUESP a reabertura de negociações com o FÓRUM DAS SEIS

Na sexta-feira, 04/06, as/os estudantes receberam a informação que a congregação extraordinária iria se reunir na segunda, 07/05, às 9 horas da manhã no campus 2. Essa foi chamada tão somente para discutir o fato da OCUPAÇÃO DA DIREÇÃO, sem ao menos tocar na discussão da nossa pauta de reivindicações.

Durante esta reunião – na congregação - a professora diretora FUGITA usou de uma absurda mentira, dizendo que as/os funcionárias/ os da administração negavam-se a continuar trabalhando, enquanto o prédio estivesse ocupado, o que resultaria no não pagamento dos salários, bolsas e contratações. A congregação decidiu enviar representantes naquele mesmo momento à ocupação para exigir que as/os estudantes desocupassem, inclusive se utilizando de ameaças veladas.

Os representantes da congregação junto à diretora se dirigiram à ocupação para tentar coagir as/os estudantes; eis que durante a reunião as/os estudantes deixaram bem claro que respeitaram ao máximo as/os funcionários e sua assembléia, que definiu que durante a greve o setor administrativo trabalharia em regime especial para que não atrasassem bolsas e salários, portanto os estudantes ocupariam apenas a sala da direção, o saguão e a congregação, isolando as/os estudantes dos demais espaços das/os funcionários, para de maneira alguma criar algum inconveniente para estes trabalhadores no decorrer dos seus afazeres. Essa foi uma preocupação das/os estudantes desde a assembléia geral que deliberou pela OCUPAÇÃO.

Após muita pressão a diretora foi OBRIGADA A DESMENTIR-SE E ADMITIR QUE AS/OS FUNCIONÁRIAS/ OS NÃO HAVIAM TRABALHADO, PORQUE ESTA ERA A ORIENTAÇÃO DA DIREÇÃO, NUMA CLARA TENTATIVA DE DIVIDIR FUNCIONÁRIAS/ OS E ESTUDANTES, CUJA SOLIDARIEDADE VEM MARCANDO ESTA LUTA DESDE O INÍCIO. REPUDIAMOS E DENUNCIAMOS A DIREÇÃO POR ESTA MANOBRA BARATA E BAIXA, QUE DEIXARIA CENTENAS TRABALHADORAS/ ES SEM O SALÁRIO QUE SUSTENTA SUAS FAMÍLIAS, ASSIM COMO FAZ O REITOR DA USP, CORTANDO O PONTO DAS/OS FUNCIONÁRIAS/ OS EM GREVE .


Comando de Ocupação- "UNESP- Marília"

terça-feira, 8 de junho de 2010

Moção de Apoio de Carlos Latuff (Cartunista e Militante)








Há poucos dias um estudante portoriquenho me solicitou algumas charges em apoio ao movimento que ocupava a Universidad de Puerto Rico. Me chamou atenção que os estudantes de lá lutam praticamente pelas mesmas coisas que os estudantes daqui de São Paulo, Rio ou Brasília, o que me leva a uma conclusão óbvia.

O princípio da privatização/terceirização das universidades públicas não só é uma política de estado aqui como também uma tendência na América Latina. E o que se passa na UNESP de Marília não é diferente. Mais uma vez temos a figura do reitor, no caso o sombrio Sr. Herman Jacobus, mais uma correia de transmissão dessas políticas que tentam mercantilizar o conhecimento. E mais uma vez temos estudantes e trabalhadores se levantando contra isso.

Deixo aqui portanto meu apoio a esse movimento em defesa do ensino público.

Que se espalhe para cada universidade desse país.